“Vinde a mim, todos os que estais cansados e
sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de
mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa
alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.” Mateus 11:28-30.
Tenho
me deparado com muitas pessoas cansadas. Quantas vezes, eu mesmo, tenho me
encontrado cansado. Vivemos em uma época de constante atividade. A era da
informação e da tecnologia, onde deixamos o local físico do trabalho, mas o
trabalho não nos deixa, seja porque temos um pedaço de tecnologia nas mãos,
seja porque não conseguimos mais nos desligar do trabalho por estarmos
condicionados à atividade constante. Muitas atividades, muitos compromissos,
muitas pressões, estilos de vida à conquistar e manter.
Precisamos
fazer um retrospecto. A semana de trabalho com 5 dias é um produto da sociedade
industrial moderna influenciada pelo movimento sindical. As fábricas estavam
obrigando aos trabalhadores a longos períodos diários de trabalho e as folgas
semanais eram cada vez menores. Mas hoje as pessoas buscam mais de um trabalho
para fazer frente às suas necessidades, suprir seus desejos e aumentar o seu
estilo de vida, o que não resolve o problema do descanso, mesmo com
protecionismo sindical. Parece que quando o homem não deixa de ser escravo de
alguma empresa, ele se torna o seu próprio escravo por vários outros motivos.
Muitos
olham o descanso como um dia de lazer. Muitos olham as férias como uma maneira
de se divertir e fazer muitas atividades diferentes a ponto de se sentirem mais
cansados quando retornam das férias do que quando saíram de férias. O propósito
das férias é descansar, o propósito do sábado era descansar. Mas hoje virou
oportunidade de entretenimento, consumo e até de buscar uma outra fonte de
renda.
Quando
Deus institui o “sabath” em Êxodo 20:8-11, está nos ensinando que todos devem
descansar. O homem, o filho, a filha, o servo, a serva, o animal e até o
forasteiro. O sábado não foi entendido pelos escribas e fariseus na
interpretação da lei. O legalismo tomou conta e Jesus quando vem faz muitos
milagres no sábado, contrariando a interpretação humana e nos ensinando que o
sábado é para o homem e não para escravizar o homem.
Quando
Deus cria o sábado, ele está desejando descanso de tudo o que o homem faz. Deus
não está pensando em um dia para lazer e divertimentos. Deus entende como
ninguém a limitação do corpo humano e institui o descanso. Quando o povo está
para entrar na terra prometida, Deus institui o “Ano do Descanso”, no qual o
homem não haveria de semear o campo e nem podar a sua vinha. Até no descanso da
terra Deus pensou. E o que dizer do “Ano do Jubileu”. A cada 7 períodos de 7
anos, o ano seguinte seria o 50º ano, ou o ano do jubileu. No 49º ninguém
poderia plantar ou colher, no 50º também não, e alguém perguntou: mas o que
vamos comer? A resposta de Deus vem em Levítico 25:20-21: “Se disserdes: Que
comeremos no ano sétimo, visto que não havemos de semear, nem colher a nossa
messe? Então, eu vos darei a minha benção no sexto ano, para que dê fruto por
três anos.”
Não
venho aqui defender o sabatistas ou adventistas, mas lembrar que o princípio do
descanso não tem sido observado por muitas pessoas. O ímpio por não conhecer a
verdade, o crente por ignorar tal princípio, seguindo a cultura e prática deste
mundo.
Até
pastores muitas vezes ignoram tal princípio. Quando o povo está celebrando o
seu descanso (ou divertimento), o pastor está no pico do seu trabalho.
O
trabalho é plano de Deus para o homem, na vida do ser humano. A visão do
trabalho como fardo ou castigo é uma visão católico romana. Hoje as pessoas
buscam emprego e não produzir algo digno de valor e honra. As pessoas querem
apenas dinheiro, a qualquer custo.
Na
criação (Gênesis 2:2-3), Deus descansou de todo o trabalho que realizou. Deus
estabelece o ritmo de trabalho e descanso. A cada dia precisamos de descanso.
Não apenas 6 a 8 horas diárias de sono, mas descanso. A cada semana, precisamos
de descanso, não lazer e entretenimento. A cada ano, precisamos de descanso,
não apenas férias, viagens e muitas atividades com a família. Mas que tipo de
descanso é esse? Jesus nos ensina no texto de Mateus 11:28 a 30: Vinde a mim!
Jesus descansava na presença do Pai, em meditação, em contemplação, em oração.
Salmos
131:2 diz: “Pelo contrário, fiz calar e sossegar a minha alma; como a criança
desmamada se aquieta nos braços da mãe, como essa criança é a minha alma para
comigo.” Você tem criado momentos para a sua alma descansar diariamente e num
período maior, uma vez por semana?
O
nosso Sabat, não é o sábado (dia da semana) propriamente dito, mas o dia que
nós escolhemos para:
·
Avaliar o passado – refletir sobre o
significado do que eu produzi através do meu trabalho.
·
Viver o presente – retornando às
verdades eternas, revigorando as nossas crenças em Cristo e nosso compromisso
com Ele.
·
Pensar no futuro – com uma missão
definida. Ao observarmos o descanso de acordo com o ensino bíblico estamos
reafirmando o nosso propósito de colocar Cristo no centro de nosso amanhã.
O
“Sabath” é um dia por semana com um ritmo diferente, para cultuar a Deus em
companhia da família, reafirmar suas convicções, agradecer a Deus e preparar-se
para a próxima semana.
Quando
estou tão ocupado que não tenho tempo para Deus, eu estou mais ocupado do que
Deus deseja. O que Deus quer de mim? Que eu não misture lazer com descanso.
Lazer não é descanso. E também tenho uma responsabilidade muito grande para
ensinar este princípio à família, aos discípulos e igreja.
Hoje,
Jesus é o nosso “Sabath”, se formos a Ele, haveremos de descansar, mas
precisamos separar um tempo diário, semanal e anual para estarmos na presença
Dele. O tempo sozinho com Deus, individualmente e em família. Tempo de oração,
tempo de meditação, de comunhão no Espírito. Isto é qualidade de vida. Como
está a prática do seu “sabath”?